Alterações cognitivas na Esclerose Múltipla

04/11/2016

À medida que envelhecemos, é normal que algumas funções cerebrais não funcionem mais como antes. Pode haver um declínio da memória, da velocidade de processamento das informações e das funções executivas (como planejamento, organização etc.). Algumas dessas alterações, na forma de como o cérebro armazena e processa as informações, podem ocorrer também em portadores de Esclerose Múltipla (EM) de qualquer idade, já que a doença pode afetar a forma como os neurônios se comunicam uns com os outros.1,2

A prevalência de alterações cognitivas em pacientes com EM varia de 40 a 70% e, assim como a EM afeta cada pessoa de forma diferente, essas alterações também não seguem um padrão tampouco alguma regra específica de apresentação. Muitos pacientes não têm alterações perceptíveis, outros já sentem alguma dificuldade antes mesmo de serem diagnosticados com a doença.1-3

O sintoma mais comumente reportado é a diminuição da velocidade de processamento das informações, que pode levar à diminuição da concentração e a uma dificuldade de estar em um ambiente barulhento ou cheio de distrações.3 Há indícios de que isso aconteça porque, com a desmielinização dos neurônios, os impulsos elétricos que passam de um neurônio a outro não viajam tão rápido quanto antes.1,3 A memória também pode ser menos confiável e a tomada de decisões pode se tornar mais difícil.3

Ainda não há tratamento definitivo para a Esclerose Múltipla sobre as funções cognitivas, mas algumas técnicas têm apresentado bons resultados, como, por exemplo: terapia cognitiva comportamental, treino cognitivo específico com programas de computador, reorganização cognitiva e estratégias ambientais compensatórias (ações que ajudam na adaptação ao ambiente onde se está, de forma a melhorar a qualidade de vida da pessoa).2 É importante que, ao perceber alguma dificuldade em seu dia a dia, o portador de EM converse com o seu médico para saber qual a melhor opção para o seu caso.2.3

Abaixo, algumas dicas do que pode ser feito para amenizar alguns desses sintomas:

  • Aparentemente algumas atividades ligadas ao conhecimento podem proteger contra os problemas cognitivos. Exercite constantemente sua habilidade de leitura e busque sempre aprender coisas novas.3
  • Mantenha seu cérebro ativo também com jogos e passatempos, como palavras-cruzadas, xadrez e jogos de carta, por exemplo.
  • Ao invés de se isolar, mantenha uma vida social ativa. Estar em contato com as pessoas ajuda a manter o cérebro mais ativo.3
  • Procure manter um estilo de vida saudável e atividades físicas frequentes3, que melhoram a oxigenação do cérebro.
  • Se você estiver com dificuldade de se concentrar em um ambiente barulhento, se possível, mude para um local mais calmo e com menos distrações, como um canto da sala, por exemplo.3
  • No trabalho ou no ambiente educacional, negocie prazos quando necessário e planeje-se para não deixar trabalhos grandes para a última hora. Fazer as coisas com mais calma e alternando períodos de foco com descanso pode ajudar a minimizar os impactos da EM na vida profissional.3
  • Como o tipo mais comum de problema de memória é uma dificuldade na retenção de informações novas, sempre que possível grave reuniões, aulas ou outras informações importantes para poder consultá-las quantas vezes forem necessárias.
  • Faça atividades que estimulem a alegria e o bem-estar. É possível que o humor possa influenciar o seu desempenho cognitivo, assim como o cansaço, o sono e o uso de alguns medicamentos.1,2

Referências:

  1. FERREIRA, Fernanda de Oliveira et al . Velocidade de processamento, sintomas depressivos e memória de trabalho: comparação entre idosos e portadores de esclerose múltipla. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre , v. 24, n. 2, p. 367-380, 2011 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722011000200019&lng=en&nrm=iso>. acessado em 29 Abr 2015.
  2. Mendes MF, Morales RR, Tauil CB, Winckler TC (2012). In: Machado S. e colaboradores. Recomendações Esclerose Múltipla – Academia Brasileira de Neurologia, 1ª Ed. São Paulo: Omnifarma. Disponível em <http://formsus.datasus.gov.br/novoimgarq/14491/2240628_109700.pdf>. acessado em 29 Abr 2015.
  3. MS IN FOCUS. 22. Ed. London: Multiple Sclerosis International Federation, 2013.